sábado, 14 de julho de 2018

Viagens

Pergunto-me se alguma vez conseguirei descobrir uma cidade na sua mais pura essência; a cidade como é verdadeiramente vivida pelos seus habitantes, os seus hábitos e costumes mais autênticos. A globalização traz consigo inúmeras vantagens mas a "homogeneização" que a acompanha é um aspecto demasiadamente castrador e um preço muito alto que pagamos pela facilidade com que bens e pessoas circulam pelo Mundo (sendo que infelizmente, parece que os bens têm tido mais facilidade em saltar muros do que algumas pessoas...).

Muitos países atraem cada vez mais turistas e na sequência da crescente vaga de turismo, as cidades parecem abdicar da sua identifidade em prol de uma oferta turística que mais do que acolher, suga quem se aproxima. Os menus são traduzidos para inglês, as ruas estão cheias de ofertas de breakfasts, de tours, de souvenirs, de coca-cola, de atracções que nada têm a ver com a cultura local, mas que apresentam grande potencial económico. Somos constantemente abordados por ofertas disto e daquilo que só existem porque estamos ali, porque mais do que visitas, somos uma fonte de rendimento. E as ruas estão lotadas com pessoas, com pessoas com telemóveis, com pessoas com máquinas fotográficas, com telemóveis com pessoas... E assim se vai perdendo aquele perfume único das ruas e de quem por lá vive. Creio que durante a minha última viagem me terei cruzado com mais turistas do que com indivíduos locais, propriamente ditos.

Ao observar a beleza dos sítios que tenho tido a sorte de visitar, há algo de artificial que parece querer apagar esse brilho e tenho pena. Embora seja consciente de que também eu faço parte dessa vaga de turistas, lamento este efeito adverso do turismo e ao mesmo tempo, não sei se existe alguma outra forma de vivermos este fenómeno.

Gostava de ter viajado noutra época. Naquela época em que era preciso gesticular porque ninguém falava a língua universal, em que se pedia um prato sem ter a certeza do que se iria comer... em que as pessoas viam com os olhos e não através da câmara do telemóvel.



Ciao

2 comentários:

Andreia Morais disse...

Dei por mim, estes dias, a pensar algo muito semelhante. É bom perceber que determinado sítio consegue cativar pessoas de todo o mundo, mas, depois, há essa sensação de perda que não deixa de lhe estar associada. Porque o lugar tenta adaptar-se a quem o visita, em vez de preservar o que o torna único

r: Esse doce é delicioso *-* salvo erro, provei-o pela primeira vez o ano passado, na Festa da História, em Vila Nova de Cerveira. Nunca tinha ouvido falar, mas rendi-me logo

Cacao disse...

É isso mesmo ;)