Eu gosto de escrever. Ou melhor, eu gosto mesmo muito de escrever. E ler o que outros escreveram, também - é bidireccional esta minha relação com as palavras.
Encaro a escrita como uma tarefa de partilha e de grande responsabilidade. A escrita é um instrumento que pode alterar mentalidades e assim mudar o Mundo e, portanto, não deve ser, na minha opinião, levada a cabo com leviandade.
Claro que gostar de escrever não é sinónimo de saber escrever - facto que enfatizo profilactimanente para evitar possíveis desilusões. Nem sempre gostar é suficiente (o que parece ser verdade em muitos aspectos da vida e não só na escrita...). Na aldeia dos meus avós vive uma senhora que se me apresenta como um dilema existencial, pois não sei se a admire ou reprove. Esta senhora participa do coro da Igreja apesar dos seus parcos dotes vocais. Parece não se aperceber da limitação das suas cordas vocais e o indivíduo responsável pelo ensaio do coro com certeza, receia ferir susceptibilidades... na verdade, esta senhora é muitas vezes quem canta o Salmo (que, para quem não sabe, é uma espécie de canto a solo). Estas suas participações já lhe valeram momentos de grande embaraço e ainda assim, a senhora mantém-se firme nas suas convicções musicais. Vai, desafina e volta.
A Missa é sempre mais interessante com a participação da senhora - nunca sabemos bem qual é a nota vítima do próximo homicídio. E apesar de alguns risos reprimidos, a sensação que tenho é a de que esta senhora é acarinhada por todos.
Nem sempre gostar é suficiente... mas é tudo o que temos.
Ciao
2 comentários:
A história do filme "Florence Foster Jenkins" :)
Ahaha :D bem visto!
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